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Entrevista: Marcelo Rocha – novo presidente da Cbrasb

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“O bodyboarding não me fez ganhar dinheiro, porém me deu amizades que valem mais do que ouro!”


Começo assim uma das mais emocionantes entrevistas que eu tive o privilégio de fazer. Sim, por ver um amigo de infância chegar aonde chegou. O pupilo virou mestre e casca-grossa! O Presidente da Febbees (Federação de bodyboarding do Espirito Santo) e novo presidente da Confederação Brasileira de Bodyboarding) conta sua trajetória como um dos dirigentes mais bem sucedidos do esporte, seus suportes, planejamentos e projetos futuros.

Caros leitores, com vocês, Marcelo Rocha. (marcelorochabb)

O Presidente no salão Presidencial!


Marcelo, hoje você é o cara! É o nome forte da maior entidade do nosso esporte não somente no Brasil, mas
provavelmente na América Latina. Conta um pouco da tua trajetória desde atleta passando para dirigente?


– Tudo começou quando eu morava no Catete (RJ) e conheci você e Alexandre Telles há 30 anos atrás. Vocês já surfavam e me colocaram na água. Dali eu competi no circuito The X, ganhando meu primeiro troféu o qual guardo até hoje. Do Rio eu me mudei pro ES, já surfava, fui morar na Serra e virei local de um pico de onda cheia. No Rio só caia nos buracos e serviu para aprimorar a técnica. Sempre curti as competições mas não era da elite naquela época. Ganhei alguns troféus mas só fui realmente ganhar mais quando fui pra master, aí fiz o que não consegui quando era garoto. As oportunidades para atuar na organização foram surgindo e tive o privilégio de aproveitá-las, mas garanto que sou atleta na essência. Te digo que deixo de ser dirigente, porém não deixo de ser bodyboarder!

A entidade e seu peso em mãos de Rocha.

Como você se sente carregando a responsabilidade por ser presidente da Cbrasb e o peso da cobrança em resgatar os anos dourados do bodyboarding para o século 21?

– Bom, essa responsabilidade eu não carrego sozinho. Concordo que foi nos anos 80/90 o boom, mas os tempos são outros. A comunicação e interação entre as pessoas são bem diferentes, temos mídias sociais fortíssimas e o maior desafio que tenho para levar o bodyboarding a outro patamar e elevar o nível que temos hoje é a quebra dos paradigmas, o ajuste de mentalidade de todos desde os mais experientes, os campeões até chegar a base do esporte, nas escolinhas onde o aluno não aprende somente a dominar as manobras mas também a ser um cidadão de bem através do esporte e esse também faz parte do sucesso e da profissionalização mesmo do esporte, com aplicação de conceitos modernos de gestão desportiva, andar com aqueles que já fazem certo, da aproximação do surf com o bodyboarding no qual é fundamental, já que miramos as olimpíadas pra daqui a duas edições.

Estreitando laços políticos visando o reconhecimento do esporte e seu BBoom organizado e sério.

A Febbees é a maior federação de bodyboarding do Brasil, sem dúvidas, tendo você sempre de frente e talvez gerando desafetos, porém criando um staff fantástico durante todos esses anos compartilhando essa gestão.
Isso fez com que seu nome ficasse cada vez mais evidente dentro do cenário nacional. Qual a bagagem que a Febbees te deu e o que você pretende implementar dentro da Cbrasb?

– O segredo do sucesso da Febbees certamente não sou eu mas sim os que me acompanham nessa jornada de anos e seria injusto não mencionar nomes como: Oswaldo Bissoli, Marcelo Miranda, Frank Bernardo, Osmar Tanetti, Jefferson Broto, Wanderson Luiz, Ronaldo Nascimento… é tanta gente que passou e ainda está conosco hoje! São madrugadas em claro com esse grupo dedicado, comprometido e traduzimos em centenas de pódios nacionais, enviando grandes delegações, 10 escolinhas e tudo o que aprendi foi dentro da federação lidando com vários gestores de alta performance, secretários, empresários, aprendendo entre acertos e erros. Nada foi do dia pra noite e muito menos por acaso.

Nosso litoral é gigante e a realidade das regiões varia muito. Algumas com muitos recursos e outras mais escassas, porém o conceito para gerir o esporte no Brasil de forma uniforme é o mesmo que aprendi na Febbees e é o que eu falo para cada presidente de federação: Encare sua federação como uma empresa porque não dá mais pra gerenciar e gerar recursos com pastinha debaixo do braço. É profissionalismo mesmo e tem que virar a chave pra crescer! o segredo pra confederação ficar forte é o fortalecimento das federações no Brasil, não o contrário. Aproveito para frisar que temos o resgate da Federação Paulista de bodyboarding, a Federação do Rio de Janeiro tá vindo a galope e afirmo que essas, mais a febbees serão as locomotivas que puxarão as outras federações.

Tem que ter água salgada na veia pra nos representar…

Este ano tivemos o Sintra Pro em Portugal com a vitória do Uri Valadão. Podemos ter esperanças de uma etapa do circuito mundial ainda nesse ano no Brasil ou mesmo um festival de bodyboarding com mundial, Brasileiro Cbrasb e Liga nacional de bodyboarding?

– Tive uma conversa muito promissora com o Glenn, que é o cabeça da IBC hoje e o trabalho deles é de reestruturação do esporte em âmbito mundial . Felizmente o Brasil não está nesse processo, pois já temos uma base sólida com associações, federações e para esse ano não tem a menor possibilidade de uma etapa de mundial aqui no Brasil.
Para 2022, no planejamento está a etapa tradicional de Itacoatiara, mas a Confederação está negociando com
conversas avançadas para que tenhamos num futuro médio, uma perna brasileira no mundial no mesmo período do Itacoatiara Pro, assim como tem no Chile e em Portugal e continuamos colaborando mais ainda como temos feito ao longo dos anos. Quero parabenizar o Giu Lara e sua equipe por todos esses anos com esse grande evento, não é fácil montar uma etapa de estadual, de brasileiro, imagina de mundial. Essas são as novidades, estamos trabalhando para uma perna brasileira no circuito mundial de bodyboard.


Já pensou na possibilidade de vôos mais altos e ser presidente da IBC (nova entidade máxima mundial do
bodyboarding)? O que faria se fosse o detentor do poder maior de uma associação com atletas-representantes e nomes como Stewart, Hubbard, Pierre, Amaury, Ryan Hardy, GT, Houston, Ben Player entre outras feras?

Qual seria sua prioridade?

– Bom, sendo direto, a resposta para a International Bodyboarding Corporation é NÃO. Me preparei para assumir o posto da Cbrasb como presidente, pois quero fazer o melhor para o esporte com esse grupo que está formado na confederação e vamos fazer o melhor. Existem tantos qualificados nessa lista de atletas e incluo também o Marcello Pedro para esse posto. Porém o Glenn está no caminho certo, ele é bem competente no que faz e está resgatando países como o México, que tem picos alucinantes, para voltar ao circuito. Incluir também países que a WSL explora, que tem potencial de ondas para o bodyboarding e outros que podem ser um grande mercado para o esporte.

O bodyboarding é um grande e valioso produto, que tem vários subprodutos preciosos os quais não estão sendo
explorados ainda da melhor forma, como eventos em fundo de pedra entre outros.


O Festival capixaba de bodyboarding rolou na primeira semana de setembro com a primeira etapa febbees e a
abertura da Liga Nacional de Bodyboarding. Numa rápida entrevista, você soltou que não ficaria mais à frente da Febbees. Tem um nome para ser seu substituto e continuar o seu legado? Como você deixará o bodyboarding capixaba para o seu sucessor?

– Pois é, explicando de forma mais simples, a minha saída da Febbees é inevitável, pois faz parte do estatuto da Confederação Brasileira não acumular cargos. A minha carta de renúncia já foi entregue e as eleições para a Federação já estão planejadas. Inicialmente vou adotar uma postura de não apoiar ninguém mas é provável que trabalho seja continuado com essa atual diretoria. O processo é muito transparente, aberto, outras chapas podem ser abertas e esperamos que sejam para podermos discutir sobre o bodyboarding e como crescer mais ainda o nosso esporte aqui no Espirito Santo. Ficaria feliz em ver essa diretoria continuar com o Marcelo Miranda a frente. Ele é um excelente organizador de eventos e digo que é o pilar dessa estrutura junto com o Elvis, o Osmar e seria muito bom ver esse grupo seguindo na gestão juntando outros grandes nomes para agregar mais ainda qualidade ao trabalho.

O que deixamos? A casa pronta, com todas as contas em dia, internet paga, tudo redondinho pra próxima diretoria assumir, inclusive com a reinauguração da escolinha capixaba começando com 45 alunos, com estrutura de ponta e mais de 100 m2 na beira da praia com vários profissionais envolvidos desde a base até os atletas de competição.

Em resumo, esse é o legado que deixamos: crescimento e profissionalização!

Ainda faz a Ligação trazendo troféus e medalhas pra casa como atleta. Conhece ambos lados, fato.


Cbrasb e LNB. Mais uma vez, quem é quem? Elas podem conviver harmoniosamente? Qual é o suporte da Cbrasb
para a LNB e esclareça pros atletas: Se ganhar a LNB é campeão brasileiro ou não?

– Vamos lá, a gestão Confederação Brasileira de Bodyboarding e a gestão da Liga Nacional de Bodyboarding são independentes. Temos uma ótima relação entre os presidentes, eu na Cbrasb o Marcello Pedro na LNB. O órgão máximo é a Cbrasb. Ela dita as regras e declara os campeões brasileiros de bodyboarding e já existe um entendimento para que não haja confusão entre os atletas: todos os títulos de máxima importância serão denominados como brasileiros; os títulos que a liga homologar serão denominados como nacionais.

Exemplo: o campeão do circuito Cbrasb pro é o campeão brasileiro de bodyboarding profissional, valendo a denominação para feminino profissional, open masculino e feminino, master e as que forem abertas dentro da Cbrasb. Já o campeão profissional da LNB, será o campeão nacional de bodyboarding, assim como a equipe master que é campeã nacional de bodyboarding. Planejamos uma unificação assim como tem no futebol; o campeão brasileiro enfrenta o campeão da copa do Brasil e vira o campeão da supercopa; seriam os campeões da cbrasb enfrentando os campeões da liga e daí se sagra o supercampeão. Isso se fará num futuro próximo no qual esperamos já com a Liga estruturada e vimos o cartão de visitas que foi o primeiro evento da LNB, mesmo com essa pandemia, foi grandioso, com uma mega estrutura física e cremos que dai só pra melhor.
As gestões são bem parceiras, próximas e compartilhadas e inclusive estamos planejando juntos o calendário para o ano que vem porque teremos muitos eventos, queremos equalizar as datas para que o atleta não fique sobrecarregado com tantos campeonatos em sequência e também não perdermos a qualidade das estruturas nos campeonatos. Portanto não há espaços para conflitos!

Aproveite para deixar um alô para as empresas, atletas, enfim… solte o verbbo!!! Aloha
Desde já eu quero imensamente agradecer a Ride It!, ao Elmo, porque eu me sinto honrado e até emocionado por esse momento e se eu estou hoje aqui aproveitando o espaço dado para a minha primeira entrevista oficial como presidente da Confederação Brasileira de Bodyboarding e para esse veículo tão renomado que é a Ride It!, em primeiro lugar foi Deus que me permitiu seguir até hoje e você, Alex, por ter me encaminhado no esporte.
Meu recado é para os empresários, para o Poder Público, atletas e apreciadores: Olhem para o esporte com um olhar diferenciado, porque o que vai acontecer na modalidade nos próximos anos é algo que nos preparamos por uma vida inteira.

Estamos conversando com as principais marcas do esporte e trazendo experiências de outras modalidades pra dentro do bodyboarding brasileiro. Nosso relacionamento com o Poder Público se estreita cada vez mais a ponto de andarmos juntos com o ministério do Esporte, secretaria dos estados, prefeituras para que os eventos locais e nacionais sejam potencializados. É um novo momento onde mesclamos mais experientes com os grandes nomes que ainda estão no cenário e abrir caminhos pavimentados para que surjam novos “Gui´s” (referindo-se ao Guilherme Montenegro, 12 anos, a maior promessa do nosso esporte atualmente) e outros novos talentos explodam e continuem perpetuando o nome do Brasil como superpotência do esporte.
Valeu galera, Aloha!!!

Por: Alex Munizz (alexmunizz.projeto90em90)




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